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Sangue - Qual é o conceito equilibrado, segundo a
Bíblia?
Todos os grifos, negritos e itálicos em citações de fontes que não
sejam deste mesmo Site foram acrescentados pelo autor deste artigo.
Certo que todos que têm um conhecimento básico da Bíblia reconhecem o mandamento
divino relativo ao uso do sangue. Aliás, mui provavelmente você é um destes, e sendo
assim, não vou me ater a explicar detalhes que já leu e ouviu uma centena de vezes.
Todos conhecem a exortação bíblica de abster-se do sangue, trazida
à atenção pelo apóstolo Paulo:
"28 Pois, pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos
não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: 29
de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas
estranguladas, e de fornicação. Se vos guardardes cuidadosamente destas coisas,
prosperareis. Boa saúde para vós!" - Atos 15:28,29
"25 Quanto aos crentes dentre as nações, já avisamos,
dando a nossa decisão, de que se guardem do que é sacrificado a ídolos, bem como do
sangue e do estrangulado, e da fornicação." - Atos 21:25
Existem ainda outras menções de proibição da utilização do sangue
como alimento nas Escrituras Hebraicas (ou Velho Testamento), especialmente no Pentateuco.
Neste caso, as citações fazem menção direta ao sangue como alimento.
No entanto, seria esta uma restrição absoluta, sem nenhuma margem de
tolerância? Aplicar-se-ia tal restrição ao campo médico, mesmo sendo ela escrita em
tempos que nem se pensava em transfusões? Para responder isso, vamos iniciar recorrendo
às Escrituras Hebraicas, ou Velho Testamento. Provavelmente você se perguntará: "-
Não mais estamos sob a Lei Mosaica, que raios significa isto?". Fique
tranqüilo,
pois no fim tudo se estabelece na devida ordem lógica.
Assim, vejamos como a Lei (rígida e inflexível) encarava o sangue.
Primeiro, foi dada a ordem que restringia o sangue (e animais não
sangrados) como alimento:
"14 Pois a alma de todo tipo de carne é seu sangue pela
alma nele. Por conseguinte, eu disse aos filhos de Israel: "Não deveis comer o
sangue de qualquer tipo de carne, porque a alma de todo tipo de carne é seu sangue. Quem
o comer será decepado [da vida]." 15 Quanto a qualquer alma que comer um
corpo [já] morto ou algo dilacerado por uma fera, quer seja natural quer residente
forasteiro, neste caso terá de lavar suas vestes e banhar-se em água, e ele terá de ser
impuro até à noitinha; e ele terá de ser limpo. 16 Mas, se não as lavar e se
não banhar sua carne, então terá de responder pelo seu erro." - Levitico
17:14-16
Queira notar que o versículo 16 deixa claro que, em uma
circunstância extrema, quem se valesse de um animal não sangrado, não
receberia a punição capital. Portanto, ainda que fosse algo não desejável, ainda que
fosse um ato condenável, a pessoa não estaria arruinada perante Deus. Tanto é que este
indivíduo teria que passar pelo ritual de purificação, o mesmo que, por exemplo, era
exigido caso alguém tocasse em um cadáver.
No entanto fica a pergunta: "- Mas isto é tão vago... Não
existe nada mais que apóie esta hipótese?". A resposta é: sim, existe uma
prova clara de que se alguém se valesse de um animal não sangrado em circunstâncias
extremas, não seria condenado à pena capital (morte por apedrejamento), e portanto, não
teria cometido uma violação grave:
"24 E os próprios homens de Israel se viam muito apertados
naquele dia, e ainda assim Saul pôs o povo sob o voto dum juramento, dizendo:
"Maldito o homem que comer pão antes do anoitecer e até que eu me tenha vingado dos
meus inimigos!" E nenhum do povo saboreou pão. 25 E todos os do país
entraram na floresta onde havia mel sobre toda a superfície do campo. 26 E
entrando o povo na floresta, ora, eis que havia um escoamento de mel, mas ninguém punha a
mão à boca, porque o povo tinha medo do juramento. 27 Quanto a Jonatã, não
tinha escutado quando seu pai pôs o povo sob juramento, de modo que estendeu a ponta do
bastão que tinha na mão e mergulhou-a no favo de mel, e retirou a mão para a boca, e
seus olhos começaram a clarear. 28 Nisso um do povo respondeu e disse: "Teu
pai pôs o povo solenemente sob juramento, dizendo: Maldito o homem que hoje comer
pão!" (E o povo começou a ficar cansado.) 29 No entanto, Jonatã
disse: "Meu pai trouxe o banimento sobre o país. Vede, por favor, como meus olhos
clarearam por eu ter saboreado este pouquinho de mel. 30 Quanto mais se o povo
tão-somente tivesse comido hoje do despojo dos seus inimigos que encontraram! Pois agora
a matança dos filisteus não foi grande." 31 E naquele dia continuaram a
golpear os filisteus desde Micmás até Aijalom, e o povo ficou muito cansado. 32 E
o povo começou a lançar-se avidamente sobre o despojo e a tomar ovelhas, e gado vacum, e
vitelos, e os abateram no chão, e o povo foi comer junto o sangue. 33 Contaram-no,
pois, a Saul, dizendo: "Eis que o povo está pecando contra Jeová, comendo junto o
sangue." A isso ele disse: "Agistes traiçoeiramente. Em primeiro lugar, rolai
para cá a mim uma grande pedra." 34 Depois, Saul disse: "Espalhai-vos
entre o povo, e tendes de dizer-lhes: Trazei a mim, cada um de vós, seu touro e,
cada um, seu ovídeo, e tendes de fazer o abate neste lugar, bem como o comer, e não
deveis pecar contra Jeová por comer junto o sangue." Por conseguinte, todo o
povo trouxe perto, cada um, seu touro que se achava na sua mão, naquela noite, e fizeram
o abate ali. 35 E Saul passou a construir um altar a Jeová. Com isso principiou a
construir um altar a Jeová." - 1 Samuel 14:24-35
Não é difícil chegar a conclusão que, por estarem em uma situação
extrema, os soldados de Saul se valeram de carne não sangrada como alimento.
Foram eles mortos apedrejados, da maneira tal qual era ordenado pela Lei como punição? Não!
Não se tornaram culpados de um pecado grave. Portanto, a abstenção do sangue não era
uma lei inflexível, mesmo no tempo da dura e rígida Lei Mosaica.
Depois desta consideração, pergunta-se:
| É sabido e reconhecido que a Lei Mosaica era bem radical e inflexível. Portanto, se a
Lei, sendo rígida, permitia exceções, que dizer da Lei Cristã, que aboliu a
inflexibilidade da Lei Mosaica? |
| Mudou o conceito de Deus quanto a santidade do sangue? Certamente que não. Assim, sua
maneira de encarar aqueles que fazem uso do sangue em casos de necessidade extrema também
não foi mudada. Portanto, por que deveria uma pessoa que aceita uma transfusão para
preservar a vida, ser condenada como pecador? |
| Se o próprio Jesus Cristo trouxe um mandamento livre de cargas desnecessárias, por que
deveria se acreditar que o mandamento a respeito do sangue teria sido endurecido após a
vinda do Messias? |
| O próprio apóstolo Paulo mostrou que o cristão não teria que ficar se martirizando em
função de restrições alimentares (1 Corintios 10:25,26 "25
"Comei de tudo o que se vende no açougue, sem fazer indagação por causa da
vossa consciência; 26 pois "a Jeová pertence a terra e o que a enche").
Se ele, ungido com espírito santo, não fazia tanta questão disso, por que deveríamos
nós fazer? Será que temos mais discernimento que Paulo? |
Procurei mostrar aqui que, embora a proibição do sangue como alimento fosse um
mandamento importante da Lei, este não era extremamente rígido, impiedosamente
inflexível. Obviamente a consideração sobre como a Lei mosaica encarava aqueles que se
alimentavam de animais não sangrados, lança luz sobre como este tema deveria ser
encarado hoje.
Mas, o que dizer das transfusões? Proíbe realmente a Bíblia o uso do sangue, seja
ele qual for, seja na forma que for? Queira ler um capítulo surpreendente do livro Em Busca de Liberdade Cristã
no site Observatório da Watchtower, escrito
por Raymond Franz, clicando
aqui. Ali encontrará uma extensa discussão prática, médica e bíblica
sobre o assunto.
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