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Podem os Cristãos ir à guerra?

Traduzido e adaptado de Lightbearer

Todos os grifos, negritos e itálicos em citações de fontes que não sejam deste mesmo Site foram acrescentados pelo autor deste artigo. 

Um dos ensinos característicos das Testemunhas de Jeová é o de que, segundo eles, a Bíblia proíbe a aprendizagem ou participação em guerras. Apóiam seu ensino nas palavras de Jesus "não fazem parte do mundo", nos claros conselhos de Jesus incentivando o pacifismo e em Isaías 2 – "...nem aprenderão mais a guerra". Vão ao extremo de serem considerados desertores, mas não cumprem seu dever de aprendizado militar, nem tampouco utilizariam uma arma para salvar sua vida ou de alguém da família (em teoria).

Mais uma vez a questão é: será este realmente um requisito divino ou foi ele imposto por interpretações tendenciosas humanas? Analisemos alguns pontos bíblicos.

 

As instruções de Jesus para "não viver pela espada", relativas às disputas pessoais:

O que o mediador do novo pacto, Jesus Cristo, ensinou acerca da participação em guerras? Ele primeiro instruiu seus discípulos a pregarem entre os judeus. Como os judeus eram um povo hospitaleiro, os discípulos foram instruídos a não portar comida, vestimentas de reserva, nem suas armas, as espadas. No entanto, mais tarde, quando ele instruia seus discípulos para uma pregação mais extensa, ele instruiu especificamente a eles para que portassem suas espadas, mesmo que tivessem que vender suas roupas externas para comprar uma. E no dia seguinte, quando Judas Iscariotes veio com os soldados para prender a Cristo, Pedro sacou sua espada e cortou a orelha do soldado Malco. Jesus imediatamente restaurou a orelha ao soldado e disse a Pedro: "volte a sua espada ao seu lugar, pois aquele que vive pela espada, morrerá pela espada". (Heb. 12:22; 9:15,24; Mat. 10:10; 26:51,52; Lucas 9:3; 22:35,36; Atos 10:34,35)

Por que Jesus primeiro instruiu seus discípulos a portarem espadas e no dia seguinte disse a Pedro que não a utilizasse no soldado? Certamente isto não é algum tipo de lição que Jesus queria dar a Pedro e aos outros discípulos, assim como pregado pelas Testemunhas de Jeová e alguns outros grupos religiosos. Seria como ordenar a seu filho que coma bastante doce e não escove os dentes, e posteriormente, quando ele estiver sofrendo no dentista, dizer que não comer docinhos evitaria a cárie... Acha isto lógico, ou mesmo amoroso? Acha que o filho de Deus agiria assim, deixando seus discípulos completamente confusos quanto ao que é certo ou errado? Também, certas publicações da Torre de Vigia têm afirmado que era aconselhado aos discípulos de Jesus a que andassem armados para que pudessem se defender das feras que talvez viessem a encontrar no caminho, durante suas peregrinações. Para uma pessoa dotada de certa medida de inteligência esta explicação soa como brincadeira infantil. Tal raciocínio está muito distante da realidade prática, uma vez que para se defender de feras é necessário algo de longo alcance - como lanças, cajados ou flechas - já que não se pode permitir proximidade física com um animal selvático feroz, ou de outra forma a luta já estaria perdida mesmo antes de começar. Obviamente, a espada não serviria a este propósito. Então, será que com suas palavras a Pedro queria Jesus dizer que espadas ou armas são proibidas aos cristãos? Não, antes espadas e armas têm tanto um uso permitido como um não permitido, como por exemplo, no caso envolvendo Jesus. Aqueles que vivem de modo violento em disputas pessoais não estão amando ao próximo, mas são inimigos de Deus.

Agora, vejamos alguns relatos bíblicos que comprovam o argumento acima.

 

A aprovação do apóstolo Paulo do uso da "espada" pelas autoridades governamentais

O apóstolo Paulo, quando falando acerca de governos humanos, declarou que estes agem como "ministros de Deus", tanto para o bem quanto para o mal. Romanos 13:4 reza: "Pois é ministro de Deus para ti, para teu bem. Mas, se fizeres o que é mau, teme; porque não é sem objetivo que leva a espada; pois é ministro de Deus, vingador para expressar furor para com o que pratica o que é mau". Voltando ao tempo de Paulo, não existiam forças policiais em Israel nem em Roma, e por isso eram ferramentas úteis o exército romano e o Sinédrio, que administravam a "espada" a quem "fizesse o que é mau". O exército romano iria assim interferir em distúrbios pessoais, comunitários e nacionais. Isso, obviamente, incluía guerras. Por outro lado, viver pela regra do uso da espada ou violência para resolver disputas pessoais, não está em harmonia com os ensinos de Cristo.

 

"Tempo para guerra, tempo para paz"

Quando há uma guerra, "cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus" (Romanos 14:12). As guerras têm diferentes causas e está a cargo de cada pessoa decidir se sua consciência permite seu envolvimento pessoal. Cada pessoa precisa determinar por si mesma qual é o limite entre "viver pela espada" e as "autoridades superiores" "portando a espada" e se, em todo e qualquer caso, ir à guerra é contra os ensinos de Cristo de amar o próximo, ou se existem excessões. Porém, ao invés de uma inteira denominação religiosa ser vista como culpada de sangue por tolerar as guerras, "cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus" (Romanos 14:12).

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista, liderada por Adolf Hitler chegou muito perto do domínio global, e muito mais haveria acontecido não fosse a interferência da Rússia, Reino Unido e Estados Unidos e seu envolvimento na guerra. Por outro lado, a guerra no Iraque, com a hostil tomada de poços de petróleo no Kwait, é um tipo totalmente diferente de guerra. A guerra do Vietnã teve também uma natureza completamente diferente. Cada pessoa precisa decidir por si mesma se cabe aos governantes, como "ministros de Deus" que "portam a espada", resolver disputas. Cada um precisa decidir quanto ao seu envolvimento em guerras, incluindo suas consequências, e então "prestar conta de si mesmo a Deus". Assim como o rei Salomão declarou, "Para tudo há um tempo determinado, sim, há um tempo para todo assunto debaixo dos céus:... tempo para matar e tempo para curar; tempo para derrocar e tempo para construir; ... tempo para guerra e tempo para paz". (Eclesiastes 3:1,3,8)

Para toda ação existe a responsabilidade correspondente. Pacifismo pode ser benéfico ou maléfico, tanto para cristãos como para não cristãos. Quando o rei Saul mostrou certo grau de pacifismo ao recusar-se a devotar todos os violadores da Lei à morte, isto foi considerado falta de obediência, e ele foi responsabilizado perante Deus. Quando Eli recusou-se a punir seus dois filhos pecadores, todos os três foram considerados culpados. Desta forma, pacifismo pode significar tanto servir como não servir a Deus. Assim, se um governo usa a "espada" para parar "aquele que pratica o mal", ele está ajudando o inocente, evitando o sofrimento, e portanto, agindo como "ministro de Deus"; no entanto, se o mesmo governo recusa-se a utilizar a "espada" contra "aquele que pratica o mal", permitindo a este(s) criar anarquia, destruição e assassínio, então tal governo é culpado por sua recusa em evitar o sofrimento de pessoas inocentes. (1 Samuel 15:20-22; 3:12-14)

Justamente por isso se alguém usa a "espada" para resolver disputas pessoais, ele vai "morrer pela espada"; entretanto, se a mesma pessoa usa a "espada" como ferramenta dos "ministros de Deus", as "autoridades superiores" ou governos humanos, como punição àqueles que "praticam o mal", pode ser dito que esta pessoa não está indo contra a vontade de Deus.

 

 "Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra" - Isaías 2:4

As palavras citadas em Isaías 2 e Miquéias 4 são obviamente uma profecia futura! Lá se diz que "não levantará espada nação contra nação", porém as nações hoje guerreiam tanto quanto quando foram escritas estas palavras. Fome, doenças e sofrimento ainda existem hoje, tanto quanto naquela época. Apenas depois do dia de julgamento de Deus, no "seu tempo apropriado", as palavras acima terão seu cumprimento. Afirmar que algum cristão não está em harmonia com as palavras acima é absurdo, uma vez que são palavras proféticas e não um mandamento! O mandamento que temos é o de amar uns aos outros. Em alguns casos, defender a nação do opressor pode ser "amar", enquanto em outros casos a luta pode ser maldosa. Cada um precisa utilizar suas faculdades perceptivas para distinguir tanto o certo como o errado. (Habacuque 2:3; Revelação 11:18; Daniel 2:44; 12:7)

Conforme provavelmente tenha notado, não é objetivo deste artigo justificar as matanças ocorridas na história da humanidade como sendo aprovadas por Deus - embora tenham havido guerras com sua aprovação, segundo a Bíblia. Antes, é colocado o fato de que em certas situações críticas, não constitui violação de nenhum mandamento divino pegar e fazer uso de armas. Naturalmente, o uso da violência física como meio de defesa deve estar sujeito a um critério de consciência baseado em sólido conhecimento bíblico.