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A questão da origem pagã
Traduzido e Adaptado (com inserções) de Lightbearer
Todos os grifos, negritos e itálicos em citações de fontes que não
sejam deste mesmo Site foram acrescentados pelo autor deste artigo.

Segundo entendem as Testemunhas de Jeová, assim como algumas outras organizações
religiosas, a maioria das festividades, tais como Natal, Páscoa, aniversário, etc., não
podem ser celebradas em função de sua origem pagã. E realmente, temos que reconhecer
que muitos dos costumes da sociedade atual, incluindo estes citados e muitos outros (ex.:
alianças de casamento, baton, máscara facial estética, lápis de olhos, etc...) têm
origem pagã.
A questão é: o fato de um costume ter origem pagã impede o cristão de aderir ao
referido? Analise cuidadosamente os seguintes pontos:
- Embalsamento
De acordo com os Egípcios, a prática de embalsamar
servia para preservar o corpo, como um futuro veículo, em suporte à sua crença de que o
corpo era a manifestação física da alma; o reflexo de de um ser divino interno; uma
perfeitamente integrada e orquestrada união de entidade (alma) e veículo (corpo). Mesmo
após a morte, remanesceria uma ligação etérea entre a alma e o corpo. Eles criam
que entrar em um nível superior do ser dependia de vários aspectos, o que incluía a
preparação do corpo, procedimentos cerimoniais, e acima de tudo, que o aspirante tivesse
vivido uma vida livre das hostes do mal. O processo seletivo era simbolicamente
representado na popular cena da "Balança", onde o coração de um defunto era
pesado contra uma pena. Se a balaça fosse desfavorável, o desejo do defunto por uma
gloriosa nova vida remanesceria inatingido.
Será que os servos de Deus no passado evitavam, ou mesmo abominavam o procedimento de
embalsamar, por causa de suas origens pagãs? Certamente sabiam do significado religioso
de tal prática. No entanto, vejam como fez José com seu pai, Jacó:
"Assim Jacó terminou de dar ordens aos seus filhos. Recolheu então os seus pés
ao leito e expirou, e foi ajuntado ao seu povo. José lançou-se então sobre a face de
seu pai e rompeu em pranto sobre ele, e beijou-o. Depois, José ordenou aos seus servos,
os médicos, que embalsamassem seu pai. De modo que os médicos embalsamaram
Israel, e levaram com ele quarenta dias inteiros, pois levam costumeiramente tantos
dias para o embalsamamento, e os egípcios continuavam a verter lágrimas por ele, por
setenta dias" - Gênesis 49:33-50:3
Conforme notado claramente, José, mesmo sendo um servo leal de Deus, e sendo ávido
praticante do que é correto, não objetou em seguir um costume pagão. Naturalmente, se
agiu assim e não foi condenado por Jeová, nada fez de errado. Assim, este é um relato
de um servo de Deus valendo-se de costumes pagãos, ou com origens pagãs. Havemos de
lembrar que estes costumes não envolviam qualquer tipo de adoração direta a um deus ou
deidade, de forma que não constituía uma violação da vontade do Deus supremo e
verdadeiro.
- Mumificação
De acordo com O Torá: Um Comentário Moderno, o
propósito da mumificação, largamente praticada no Egito, era o de preservar o corpo
como uma ajuda para a alma, quando ela fizesse sua jornada para uma nova vida. Assim, o
corpo era tratado com mirra e especiarias similares, lavado, e então colocado dentro de
uma caverna, numa montanha.
Novamente, observamos um procedimento de origem pagã, mas largamente utilizado pelos
servos de Deus no passado. Primeiro exemplo:
"Depois, José morreu à idade de cento e dez anos; e fizeram-no embalsamar,
e ele foi posto num ataúde, no Egito." - Gênesis 50:26
Ainda, se observarmos os relatos contidos em Gênesis 23:11, 17, 19, 20; 25:9;
49:29,30, notaremos quão comum era tal costume de origem pagã, mesmo entre os
servos de Deus.
Agora, vejamos um exemplo que ainda que fosse solitário, falaria por tudo o mais que
pudesse surgir no assunto em questão:
"Também Nicodemos, o homem que viera a ele pela primeira vez de noite, veio
trazer um rolo de mirra e aloés, cerca de trinta e três quilos [disso]. 40 Tomaram assim
o corpo de Jesus e o envolveram com faixas, junto com os aromas, do modo como os
judeus costumam preparar para o enterro" - João 19:39-40
Com certeza notamos um funerário que nos faz relembrar os costumes dos egípcios,
envolvendo a preparação do corpo de Cristo. Ora, com quem mais haviam os judeus
aprendido tal procedimento funerário? Exatamente, os judeus adquiriram este costume, bem
como aprenderam tal técnica com os egípcios, durante a época em que estiveram cativos -
e adotaram como costume tal procedimento pagão, ao ponto de aplicá-lo ao filho de Deus.
Agora, arrazoe: se tal atitude de se adotar procedimentos com origem pagã fosse realmente
abominada por Deus, permitiria Ele que seu filho tivesse o corpo violado por tais
"hediondos" costumes? Se o próprio Deus não impediu que isto acontecesse, é
porque não havia nada de condenável nesta prática, apesar de sua origem pagã.
- Nomes
Neste assunto vou sintetizar bem meus comentários e deixar que
o leitor use de discernimento. Todos sabemos que quatro judeus, seqüencialmente: Daniel,
Hananias, Misael e Azarias foram levados cativos pelas forças do império Babilônico.
Lá, foram expostos a uma série de oportunidades para praticar o que era mau à vista de
Deus, mas repudiaram veementemente a todas. Também, receberam nomes babilônicos,
nomes pagãos, a saber: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abednego. Repudiaram eles a estes
novos nomes pagãos, cujo significado exaltava os deuses de Babilônia? Ao que parece
Daniel até se simpatizou com estes nomes, uma vez que em seus escritos ele menciona seus
companheiros quase sempre pelos nomes pagãos.
Agora, pense: se a utilização de nomes, palavras ou costumes pagãos fossem mesmo
condenadas por Deus, aceitariam eles com naturalidade e sem oposição serem chamados por
tais nomes? Ainda que não estivesse neles aceitar, utilizariam eles tais nomes
se os mesmos estivessem violando sua relação com Deus? Naturalmente, se Daniel chamou
seus companheiros tantas vezes de Sadraque, Mesaque e Abednego em seus escritos, não via
nada demais em se adotar costumes pagãos inócuos em si mesmos.
Ainda que o leitor não concorde com todos os pontos aqui explanados, há de reconhecer
que os argumentos apresentados minam a aparente lógica de ensinos tidos como verdadeiros
e incontestáveis - e por vezes impostos como padrão religioso obrigatório. É
exatamente o que ocorre quando se proíbe, sem apoio bíblico convincente, práticas como
exemplificado abaixo:
 | dizer "saúde" quando alguém espirra; |
 | comemorar aniversários; |
 | comemorar Reveillon; |
 | comemorar dia das mães, dos pais, etc...; |
 | fazer o sinal de "jóia" com o polegar. |
E a lista poderia ficar ainda muito maior. A questão final é: se na própria Bíblia,
personagens que tinham a aprovação de Deus não hesitaram em adotar costumes, nomes,
etc... com origem pagã - desde que estas não envolvessem ritos de adoração direta
a outros deuses - por que teríamos nós que estar preocupados com estes assuntos de
segunda importância, sendo que estes não ferem os princípios delineados pela Bíblia?
Quando práticas inofensivas e não condenadas na Bíblia são impostas como padrão
obrigatório a ser utilizado, é impossível que não nos lembremos da atitude que tinham
os fariseus na época de Jesus Cristo. Afinal, o próprio Jesus os condenou por colocarem
um fardo pesado em demasia sobre o povo comum, por criarem regras pessoais de conduta e
atitudes e impô-las como sendo de origem divina. Este tipo de atitude jamais foi
elogiado pelo filho de Deus. Antes, foi um fator determinante nas exposições claras que
Ele fez do imperialismo e da hipocrisia farisaica - características negativas estas que
podemos observar hoje em alguns credos religiosos.

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