Evangelho do enriquecimento

 

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O Evangelho do enriquecimento

Autor anônimo

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Ultimamente muitas organizações e até pessoas começaram a utilizar um método muito eficiente de proselitismo: o "evangelho do enriquecimento". Muitas igrejas, pregadores, esotéricos e afins dizem: "Vem para cá e tu ficarás rico!"; ou: "Ouve os testemunhos!". Então é elencada ostensivamente uma relação de bens adquiridos.

É o que Ari Pedro Oro, autor do livro "O Avanço Pentecostal e a Reação Católica" (Editora Vozes Ltda., Brasil), chama de "teologia da prosperidade" e de "efeito multiplicador". As pessoas no Brasil também procuram, no intuito de enriquecer, os movimentos Carismáticos e os babalorixás (sacerdotes da Umbanda), o que demonstra um ponto comum: a ética materialista. A "teologia da prosperidade" é uma tática de proselitismo extremamente eficiente e tentadora porque vai no ponto vulnerável: o consumismo, a vaidade. A indústria moderna põe no mercado bens que a população, de mentalidade consumista, geralmente não consegue adquirir. Esta demanda reprimida é que faz com que os pobres vislumbrem nesta versão do evangelho uma possibilidade de satisfação individual, até mesmo pela influência dos testemunhos televisionados. É apresentado um Deus mercador da felicidade, um Jesus na forma de gênio da lâmpada.

Acho que muitas religiões sensacionalistas – em geral, pentecostais - defendem a idéia de que Satanás transporta até as pessoas todas as espécies de desventuras nos campos medicinal, financeiro, amoroso, etc. Preconizam que ele provoca o desemprego, a miséria. Dizem que ele causa o insucesso nos negócios. Cria-se, então, a argumentação e o cenário adequados para que os pastores chamem as pessoas a eles próprios, num segundo momento, a fim de oferecer a elas a solução imediata. Eu creio que os pastores agem de forma abnegada; sua atividade, porém, conduz-nos a concluir que aquelas desventuras e males sofridos, de uma forma indireta e óbvia, "empurram" as pessoas para as igrejas. Parece que se não existissem os males, não existiria a assistência aos cultos. Em decorrência deste fenômeno, a conversão ocorre devido a uma situação de sofrimento seguida de uma expectativa de alívio e não de uma análise aprofundada das doutrinas. Os pastores se autoproclamam representantes de Deus e reivindicam para suas Igrejas o título "Casa de Deus".

Portanto, somos forçados a suspeitar que Satanás é ignorante ou "amigo" das Igrejas, uma vez que sua atuação está, supostamente, por concidência, a cada dia provocando nas pessoas a tentação de procurar uma Igreja cristã.

A idéia de "efeito multiplicador", conforme chama Ari Pedro Oro, é um chamariz eficientíssimo. Lembra-nos a prática dos sacrifícios pagãos, que eram feitos em troca de alguma vantagem. Este "efeito" assemelha-se a uma hipotética aplicação financeira mais rentável do que as concorrentes: as pessoas venderiam seus bens para ali aplicar. As igrejas tradicionais pediam dinheiro e estimulavam o dízimo, contudo não criavam nos contribuintes a expectativa de que suas contribuições os fariam ricos. As novas igrejas conseguiram conciliar a ganância material dos crentes a seus anseios espirituais: o mesmo que faziam os adoradores do deus pagão Mamom. As suas orações e suas ofertas são quase uma transação comercial. Deram um respaldo espiritual ao materialismo; estimularam-no à semelhança de Satanás que ofereceu o Mundo a Jesus (Mateus 4:8-11). Os testemunhos televisionados, referentes ao enriquecimento para estimular a cobiça do crente e também a cobiça dos novos, serve também para "massagear-lhes o ego" (dizendo "você merece ficar rico").

Eu acho que o  deslumbramento pelo consumismo foi a razão que levou o povo russo a optar pelo Capitalismo, o que trouxe a exclusão e a mendicância a alguns. Então, lá o cenário ficou propício à proliferação das Igrejas defensoras da "teologia da prosperidade". 

Podemos até desconfiar que, no íntimo da consciência, aqueles crentes não renunciaram a seu egoísmo, nem mesmo após sua conversão. Suas doações, dízimos e ofertas são, a meu ver, feitos mais no interesse individual do que para beneficiar a Igreja. É uma espécie de dízimo interesseiro e egocêntrico. Este desejo dos olhos é oposto a idéia de o cristão levar uma vida modesta (1 Timóteo 6:7-8). Contraria o comportamento "negar-se a si próprio" (Lucas 9:23) e o altruísmo: é a idolatrização do dinheiro. Esta "dinheirolatria" faz-nos lembrar o deus Mamom e a profecia bíblica de que os homens se tornariam "amantes do dinheiro" (2 Timóteo 3:2). Deveria ser razoável presumir que se o crente que não tem como ficar rico - os assalariados, por exemplo - não teriam que dar dízimo.

Aquelas Igrejas usam de uma liturgia bastante barulhenta, cheia de momentos de êxtase e de relaxamento: é o emocionalismo. Há quem chame isto de histeria coletiva ou, na linguagem psiquiátrica, catarse. Tal comportamento se opõe ao pressuposto da oração comedida (Mateus 6:6). Penso eu que isto serve para alterar (acelerar ou frear) as freqüências das ondas cerebrais dos fiéis a fim de fazê-los atingir um estado alterado de consciência, similar ao estado atingido através do ioga, transe, meditação transcendental, hipnose, regressão, etc. A meu ver, esta é a situação apropriada para incutir algo nas mentes.

Chegando ao clímax, surgem as possessões demoníacas. Estas, por sua vez, fornecem o pretexto para expulsar os demônios, o que, obviamente, reforça a autoridade dos pastores. Dá para desconfiar que os pastores  trazem propositadamente os demônios (ou espíritos) até os crentes por meio daquele estado alterado de consciência para, logo após, expulsá-los. Deve-se salientar que a expulsão de demônios não é credencial genuína de observância dos ensinos de Jesus, segundo Mateus 7:22-23. Veja que as possessões demoníacas só ocorrem com indivíduos em estado alterado de consciênca, ausência de lucidez. Tenho curiosidade de saber se foi, alguma vez, realizado um eletroencefalograma em alguém durante o estado alterado de consciência durante o momento da possessão demoníaca, chamada também de incorporação, manifestação, etc.

Acho que nos é permitido suspeitar que o poder miraculoso não tem necessariamente origem divina e, sim, satânica. Apóiam esta desconfiança textos bíblicos tais como 2 Tessalonicenses 2:9, Mateus 24:24, Apocalipse 16:4, Apocalipse 13:13-14 e 2 Coríntios 11:14. Há adicionalmente um texto que fala da cessação dos "dons do espíritos": 1 Coríntios 13:8-11.

Disseram-me que quando algum fiel não obtém a bênção solicitada (saúde, dinheiro, carro novo, etc.), mesmo após ter realizado ofertas e "sacrifícios", o pastor argumenta que o fiel teve fé insuficiente. Ora, esta explicação me parece evasiva e metafórica visto que "fé" é um substantivo abstrato; é algo subjetivo, imensurável, elástico.

Há outro questionamento sobre o qual nunca li nem ouvi ninguém dar esclarecimentos. Jesus realizou inúmeros tipos de milagres: transformar água em vinho, multiplicar pães, cessar tempestades, andar sobre a superfície das águas e, mais importante, ressuscitar os mortos. Eu poderia até citar os textos bíblicos. Com poderes delegados por Jesus realizaram ressucitações os apóstolos Pedro (Atos 9:40-41) e Paulo (Atos 20:9-10). Os pastores atuais alegam que as curas e as expulsões de demônios por eles realizadas não se devem a méritos próprios deles e, sim, a um poder miraculoso que Jesus lhes concedeu.

Aí, se observa um certo grau de humildade e abnegação. Aparecem, porém, duas dúvidas:

1) Por que, dentre todos os tipos de milagres operados por Jesus, os atuais pastores só conseguem efetuar curas e expulsões de demônios?

2) Jesus não concedeu aos atuais pastores (pretensamente na função dos antigos apóstolos) poder - ou espírito santo - suficiente para realizar ressucitações, transformações de matéria, etc? Talvez se Jesus tivesse concedido todos aqueles poderes aos pastores atuais não haveria a necessidade de Sua prometida vinda e da instalação de Seu Reino (2 Pedro 3:13 e Apocalipse 21:4)

O "evangelho do enriquecimento" e o "evangelho da cura sobrenatural" nos apresentam um Neopentecostalismo mais voltado ao egocentrismo e ao antropocentrismo do que ao teocentrismo. É mercenário. É apresentado um Jesus capaz de enriquecer e curar pessoas, contudo incapaz de ressucitá-las e incapaz de consertar o panorama inteiro do Planeta.

Este tipo de Jesus parece não ter preocupações de longo prazo tais como superpopulação, poluição ambiental, esgotamento dos recursos minerais, diminuição da camada de ozônio, escassez de água potável, etc. Em tese, se alguém adoecer, pode procurar uma Igreja e será imediatamente curado através de uma oração; isto, hipoteticamente, criaria uma geração de pessoas de extrema longevidade. Formaria um processo semelhante a uma série matemática com tendência ao infinito. Tal não ocorre nem nunca ocorreu, pois chega um momento em que se morre até de doença após inúmeras preces.

Aliás, nunca ouvi dizer que 100% das pessoas que pedem cura sobrenatural realmente a obtêm. As Igrejas não apresentam percentual de eficiência. Ironicamente, as curas sobrenaturais não tornaram dispensáveis hospitais, médicos, farmácias, planos de saúde, remédios, e ... nem cemitérios. Contraditoriamente, estas coisas são procuradas por evangélicos. A cura milagrosa sobrenatural e a cura medicinal são excludentes? Porventura, são complementares?

Apesar da prática do "evangelho do enriquecimento", agruras tais como a exclusão social, o desemprego, a submoradia e a concentração de renda tendem a aumentar. O cenário conspira para a incerteza que, por sua vez, força as pessoas a procurar uma solução material, espiritual e psíquica nas Igrejas evangélicas ou, ainda, nos cultos africanos: parece um processo cíclico que vai se auto-realimentando. Em meus devaneios chego a cogitar que a população está provocando a ira divina. Parece que se não existissem os opostos da saúde e da riqueza, ou seja, a doença e a pobreza, tais Igrejas não existiriam. Parece que as Igrejas "torcem" para que tais adversidades ocorram.

A Bíblia condena a ostentação dos meios de vida e se opõe ao materialismo conforme 1 João 2:16 e 1 Timóteo 6:8-10, o que vai de encontro aos testemunhos de enriquecimento. Uma vez que estes testemunhos acabam incutindo nos espectadores um sedução pela riqueza material, podemos deduzir que uma idolatria aos bens materiais não é muito diferente da idolatria de santos, de ídolos e de ícones esculpidos. Embora a Bíblia diga em Filipenses 4:12-13 "tudo posso naquele que me fortalece", também cita em Hebreus 11:36 as provações que os cristãos sofreriam. Dão a entender estes textos que "vencedores" poderiam ser aqueles que venceram as tentações. A vaidade por "coisas grandes" é censurada em Jeremias 45:5 e em 1 Timóteo 6:9; porém, obviamente, há o imperativo ao trabalho em 2 Tessalonicenses 3:10 e em 1 Timóteo 5:8.

Interrogações surgem:

1) Se os ministros religiosos não têm direito a vislumbrar para si a riqueza material, deveriam ser isentados do dízimo?

2) Como deveria ser a pregação das igrejas que prometem a prosperidade, lá na Rússia Comunista, se lá era quase proibida a posse de bens?

3) No afã de enriquecer, qual é a diferença entre procurar um babalorixá ou um pastor?

4) Qual é a diferença entre venerar um ídolo e idolatrar um carro novo ou um bem qualquer?

Eu quero divulgar esta polêmica, levá-la até a comunidade e até os estudiosos do assunto a fim de criar um debate. Peço que ponham comentários através desta gentil permissão que graciosamente nos dá o proprietário desta home-page. Aliás, eu gostaria de transmitir a este cidadão meus ternos agradecimentos.

Cabe ressaltar que agora (junho de 2001) a IURD está lançando mais uma chamada Fogueira Santa de Israel. Neste evento as pessoas dão o máximo possível de dinheiro (chamado sacrifício) à Igreja no intuito de ficarem ricas. Dúvidas vem-me á mente: 1)Que percentual de doadores ficarão efetivamente ricos (felizardos)?; 2) E ... para os azarados?; 3) Cabe indenização aos azarados?; 4) Pode-se pedir à Igreja recibo dos chamados "sacrifícios"?; 5) Não parece que "doação interesseira" devia se chamar "aplicação"?

Ainda mais duas dúvidas surgem: 1)Se alguém der dinheiro e não obtiver a bênção pedida, pode pedir o dinheiro de volta? 2)Por que os testemunhos de enriquecimento são, este ano, tão poucos a ponto de serem cansativamente repetidos na TV?

Em certas denominações, às vezes uma pessoa freqüenta os cultos um tempo maior do que outras para obter uma bênção (cura ou enriquecimento). Perguntei o motivo. Predominantemente ouvi duas explicações; a) o fiel não teve fé suficiente; b) o argumento "Deus sabe a hora". Perguntei o motivo da não-obtenção de bençãos na religião alheia (Umbanda. Assemblléia de Deus, etc) ou em sensitivos como Dr. Fritz. A resposta foi que a religião dos outros é incompetente o pastor dos outros é incompetente. Flagrante parcialidade!

Em relação à certa religião (ou seita, como queiram), recordo-me do episódio que ocorreu com certo ex-bispo de alta hierarquia. Ele era um felizardo. Segundo a imprensa da época, quando ele saiu da Igreja, o "grande chefe" lhe encheu os bolsos de dinheiro sob forma de indenização. Será que pastores de menor hirarquia também levam algum dinheiro ao serem demitidos? Geralmente saem de bolsos vazios.

Ainda mais: um amigo meu diz que se converteu a uma Igreja evangélica após ter lá obtido a cura de uma doença que, para os médicos era incurável. Porém, se algum dia ele tiver novamente uma doença e na Igreja, não obtiver uma segunda cura, ele teoricamente teria que se "desconverter"? Eis um assunto para refletir.

Também há outro fato. Certo dia olhando certo periódico religioso constatei nela a fotografia de certo líder, um bispo, aparecendo por trás de grades de prisão. Isto foi planejado, creio eu, para mostrá-lo como: 1) mártir, o que faz com que outros fiquem sensibilizados; 2) semelhante a Jesus, uma vez que Jesus também foi perseguido pelas autoridades. Esta idéia refuta-se porque o bispo foi preso, ao que dizia a mídia, por sonegação de impostos, enquanto Jesus foi perseguido político. Jesus não foi preso para parecer mártir e, sim, para cumprir uma profecia anterior. Concluindo; certos líderes religiosos estã mais para oportunistas do que para mártires.

Com estes questionamentos, deixo saudações.

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